sexta-feira, 15 de abril de 2011

Participação popular chama atenção dos palestrantes do 1º Congresso da Cidade

A manhã desta sexta-feira, segundo e último dia de atividades do 1º Congresso da Cidade, reuniu cinco palestrantes no Unilasalle, no Centro de Canoas. A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, fez a abertura do evento. Também compareceram o deputado federal Fernando Marrone e a deputada estadual Miriam Marrone, o prefeito Jairo Jorge, a vice-prefeita Beth Colombo e o secretário de Relações Institucionais, Mário Cardoso. À tarde, os 608 delegados eleitos pela comunidade canoense irão debater e aprovar a Estratégia de Cidade para os próximos 10 anos.

A primeira a falar foi a vice-prefeita. Ela fez um discurso emocionado, lembrando a presença do ex-prefeito de Bogotá (Colômbia), Antanas Mockus, na noite de ontem. “Ontem a gente viu se materializar aqui aquele que transformou Bogotá e hoje a gente olha para ti, prefeito Jairo Jorge, e vê que tu mudastes Canoas, principalmente na área de segurança. Tu dissestes que faria as mudanças e fez”, destacou. Segundo Beth, com o 1º Congresso da Cidade Jairo valoriza a comunidade canoense. “Tu chamas teu povo para ser teu conselheiro. O ano de 2021 não será feito pelo Jairo, pela Beth ou por sua equipe de trabalho, mas pelo seu povo”.

Para a deputada Miriam, Canoas é um dos municípios mais lembrados nos ministérios, devido a suas melhorias em diversas áreas. “O Congresso é uma ferramenta tão importante que oportuniza a população planejar seu futuro”. O deputado federal Marrone, disse que “pensar uma cidade para daqui a 10 anos significa pensar o futuro, com a participação cidadã neste processo”.

PAPEL DO CONGRESSO:

Maria do Rosário abriu o segundo dia do Congresso salientando a parceria do prefeito Jairo e da vice Beth para a unidade de Canoas. Antes de marcar presença no evento, ela visitou o gabinete do prefeito Jairo Jorge. “O Congresso trata de planejar. Ao longo da história do Brasil, planejar não é referência do poder público. Ter metas, estabelecer referências e indicadores não é característica do Estado ou do Brasil, em qualquer esfera”.

De acordo com ela, as cidades estão em constante modificação, jamais estão consolidadas. Maria do Rosário explica que planejar uma cidade passa pelos direitos humanos. “Os espaços de um cidade devem estar acessíveis a todas as pessoas, independente se elas têm algum tipo de deficiência ou não. E isso se faz com vontade política”.

Ao final do discurso, o prefeito Jairo Jorge entregou à ministra uma lembrança da cidade e o livro do Estado da Cidade. O material também foi oferecido ao deputado federal Fernando Marrone e a deputada estadual Miriam Marrone.

ESTADO DA CIDADE:

O prefeito Jairo Jorge apresentou o livro Estado da Cidade – Um retrato de Canoas, com diferentes indicadores do município. “O material busca avaliar a cidade e não um governo”, afirmou. A coordenação do trabalho ficou por conta do Instituto Canoas XXI, implantado em 2009. Além disso, os dados foram analisados por técnicos especialistas das três universidades instaladas em Canoas: Ulbra, Uniritter e Unilasalle.
Os indicadores abrangem as áreas de Saúde, Educação, Segurança, Cultura, Infraestrutura, Meio Ambiente, Habitação, Emprego e Renda, Economia, Cidadania, População e Território. Todos os delegados receberam um exemplar. Segundo Jairo, todo o dia 14 de abril será lançado material similar. A data foi escolhida por que marca o início do povoamento de Canoas, em 1874, com a instalação da estação ferroviária Capão das Canoas, onde hoje está localizada a Fundação Cultural.

PAINEL: CIDADES – TENDÊNCIAS 2011-2021:

A manhã desta sexta-feira, dia 15, foi dedicada a explanação de quatro painelistas, que abordaram o tema Cidades – Tendências 2011-2021. A moderação ficou por conta do prefeito Jairo Jorge. Os convidados foram: Marcio Pochmann (presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA), José Vicente de Freitas (coordenador da Agenda 21 Brasileira), Wrana Panizzi (professora da Ufrgs, atua na área de Planejamento Urbano e Regional) e Giuseppe Cocco (professor da UFRJ e especialista em Desenvolvimento Urbano e Regional).

Pochmann falou sobre o papel das cidades desde antes dos anos 80, quando os municípios eram despreparados para abrigar as pessoas que saíam do campo, até os dias atuais. Segundo ele, as cidades cresceram, mas seus governantes não respeitaram o meio ambiente, prejudicando o desenvolvimento futuro. O convidado disse que planejar uma cidade hoje para daqui a 10 anos não deve esquecer que até lá a população estará mais idosa, o que acarretará em melhorias na mobilidade. Outro desafio é que as fontes de riqueza estão mudando. Sem contar a mudança no trabalho e a necessidade constante de estudar para qualificar. Hoje, conforme ele, não há necessidade de estar em determinado para trabalhar, assim como não há horário para cumprir e a jornada de trabalho foi estendida. “Canoas não está tendo medo de preparar o seu futuro”.

Freitas salientou que o grande desafio hoje no âmbito gaúcho é consertar um novo projeto de desenvolvimento, mediado pela questão da sustentabilidade, utilizando mecanismos de democracia participativa. Além disso, é necessário reduzir a desigualdade e eliminar a miséria absoluta. “Para resolver isso é necessário poder discutir o futuro, mediado pela discussão com a sociedade, pensando propostas a partir da avaliação de indicadores e sua execução depende de esforços conjuntos”. Para ele, a Estratégia de Cidade merece o selo de Agenda 21.

A professora Wrana salientou que “admira uma cidade que pára para discutir e pensar seu futuro”. De acordo com ela, os canoenses querem para o futuro da cidade coisas muito concretas como instalação de teatro, piso diferenciado no Calçadão, saneamento, mais escolas de educação infantil. “Mas para isso é preciso olhar a cidade no seu sentido mais amplo e essa tarefa não é fácil para um prefeito. Sem contar que uma cidade como Canoas exige um novo tipo de gestão, com clareza de estratégias, pois hoje um problema não deve ser resolvido por apenas uma secretaria, mas por um coletivo”.

Cocco fechou o painel salientando a reação entre a cadeia produtiva, novas tecnologias e produção de conhecimento. “As mudanças deflagradas em uma nova economia de mercado inclui a relação fábrica versus comunidade e a reestruturação do tecido social”.
 Conforme ele, o desafio das cidades é consolidar a participação e a mobilização popular. Falou ainda que Canoas “é o fruto de um planejamento funcional, que se organizou em torno da razão instrumental, com linhas férrea e rodoviária”.
 VISÃO GERAL – PROPOSTA DE ESTRATÉGIA DA CIDADE DE CANOAS 2011-2021:
Após o painel, o diretor da Agência Futuro, Gustavo Grisa, abordou a Visão Geral – Proposta de Estratégia da Cidade de Canoas 2011-2021, que destacou o processo de construção coletiva que formula a seguinte questão: O que é mais importante para Canoas? “A resposta será extraída através da Estratégia que está sendo montada aqui no Congresso”, falou. Ele também observou que o 1º Congresso da Cidade de Canoas é a estratégia mais completa de participação feita no Brasil.  
Daiane Poitevin